Especial: Lars von Trier

      

     Acontece nesse mês de novembro no Instituto Moreira Salles do Rio de Janeiro uma mostra sobre um inquestionável membro do grupo de destaques da direção contemporânea: o dinamarquês Lars von Trier. Seus filmes costumam causar alvoroço nos festivais em que são exibidos pelo fato de retratarem uma muito pessimista visão do mundo e da vida. Porém há aqueles que enxergam no trabalho do diretor uma técnica muitíssimo original e igualmente apurada. Clichês à parte, trata-se de um homem do tipo "ame-o ou deixe-o".      
     De fato isso se confirma - no último Festival de Cannes, seu filme Melancolia (2011) foi capaz de rachar a crítica. Uns acharam seu filme uma verdadeira ladainha sem objetivo claro, e outros consideraram-no o favorito à Palma de Ouro. Ignoremos a polêmica declaração de Trier dizendo besteiras a cerca do homem-deus-lunático do nazismo. Por falar em Palma de Ouro, seu filme Dançando no Escuro (2000) foi o ganhador dessa láurea, considerada uma das mais importantes do planeta.
     É difícil mecionar o nome de Trier e não falar um pouco sobre o manifesto cinematográfico Dogma 95, o qual ele ajudou a criar. Esse manifesto, como já li alguém escrever de forma brilhante, é como uma "monarquia absolutista" da forma de fazer filmes. Isso porque o Dogma possui dez regras para como realizar uma obra cinematográfica, dentre tais regras a proibição do uso de cenários, de bandas sonoras e a aceitação apenas da câmera de ombro. Embora tenha cunhado tal manifesto, o diretor só o cumpriu em um dos seus filmes, mesmo que elementos do Dogma sejam encontrados em quase todos os seus filmes, com exceção dos dois últimos, Anticristo (2009) e Melancolia (2011).
     Particularmente ele é um cineasta que me instiga bastante devido muitas vezes à irregularidade de seus filmes. Eles combinam momentos memoráveis e sublimes com derrapadas e revoltosos erros. Sua produção é no mínimo original e merece a atenção da plateia contemporânea. Acompanho seu trabalho mesmo não encontrando nenhuma obra-prima (ela está por vir, acredito nisso). No entanto seus filmes não podem ser chamados de ruins como muitos o fazem. 
      Para refletir, discutir e por à prova a originalidade de Lars von Trier, escolhi seus principais filmes para fazer uma análise de como seu trabalho contribui para o desenvolvimento da sétima arte. Espero fazer com que pessoas com relutância à obra de von Trier reflitam com minhas resenhas e quem sabe julguem sua filmografia de forma mais positiva. Afinal, preciso contaminar aos outros com um pouco do meu entusiasmo sobre esse dinamarquês ilustre e igualmente polêmico.

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