O Pica-Pau Russo (2014)




          Fedor Alexandrovich carrega em seu corpo a marca de uma tragédia. Desde os seus 4 anos possui traços de estrôncio radioativo no seu sangue, efeito da radiação à qual foi submetido quando do acidente nuclear de Chernobyl. Tornou-se artista e desenvolveu uma série de trabalhos performáticos e dramáticos, porém nunca abandonou o espanto sobre a experiência que presenciou quando criança. Fedor, ucraniano, dedica sua vida a partir de então a investigar as causas da catástrofe que marcou a história, procurando desvendar mistérios que até hoje não foram explicados.
           Primeiro acompanhamos uma recapitulação de como foi o acidente. Na madrugada do dia 26 de abril de 1986, diz a versão oficial que uma reação em cadeia não controlada ocasionou o terrível evento. Entrevistando ex-habitantes de Chernobyl, o ucraniano coletou depoimentos dizendo que a população não foi informada sobre a gravidade dos problemas. Uma mulher recordou-se de um lindo vapor cor de rosa emanando da usina em direção à cidade, e todos, por ignorância, acharam a cena maravilhosa. Crianças brincavam no exterior das casas, enquanto misteriosamente agentes do governo circulavam com máscaras e limpavam tudo da cidade. Ela disse as poças de água que eles descontaminavam na rua tinham servido de local de brincadeira para as crianças. Apenas 3 dias após a pane na usina é que a população foi avisada da magnitude do acontecido, e as crianças foram evacuadas da cidade e enviadas a um orfanato, enquanto que os pais enfrentariam quarentena para descontaminação. E a tragédia só foi comunicada ao mundo quando os vapores tóxicos já tinham sido detectados por vários países da Europa Ocidental.
           Motivado a descobrir a verdade por trás do acidente, Fedor entrevistou uma série de autoridades russas daquele momento, porém suas respostas eram vagas e discordantes entre si. Não significava boa coisa: algo estava sendo escondido. Em seus anos de pesquisa, acabou descobrindo algo curioso. A uma distância de 12km da central termonuclear de Chernobyl há uma estrutura metálica gigantesca que na época era área de segredo militar. Tratava-se do Pica-Pau Russo, o Duga-3, um enorme conjunto de antenas de radar. O sinal desse radar, numa frequência de 10Hz, era detectado em todo o planeta. Estaria essa estranha arma militar conectada com o acidente atômico?
           O documentário transcorre com entrevistas e investigações até o ponto no qual Fedor acredita ter descoberto o que aconteceu e quem foi o culpado pela tragédia, longe de ser um acidente. Enquanto isso, transmite forte carga nacionalista acompanhando a recentíssima revolução ocorrida na Ucrânia. Talvez a forte parcialidade do filme pró-Ucrânia e contra Rússia dificulte que acreditemos nas ideias ali mostradas, porém só pelo ineditismo da investigação e na formulação de uma hipótese, e avaliando as respostas da entrevista feita ao suposto culpado do acidente, bem como as colocações de um engenheiro que trabalhava no turno da manhã em Chernobyl, realmente nos sentimos envoltos num círculo de segredos que pode ter sido rompido finalmente. Um documentário marcante capaz de instigar nossa curiosidade e até de nos fazer sentir maior repulsa sobre até que ponto um homem pode chegar. Ganhador do prêmio de Melhor Documentário na competição internacional do Sundance Film Festival 2015.





NOTA: 8 / 10

Filme assistido no Festival do Rio 2015


Comentários

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